Queda de 80% no faturamento, cancelamentos… turismo amarga prejuízos por risco de colapso em mina da Braskem em Maceió


Setor sente impacto com desistência de reservas e passeios, mesmo em bairros que não estão na área de risco e até em cidades vizinhas. Defesa Civil reduziu nível de alerta nesta terça-feira (5). Turismo no Pontal da Barra é afetado após risco de mina em Maceió colapsar
A possibilidade de afundamento de uma das 35 minas de extração de sal-gema da Braskem no bairro do Mutange, em Maceió, fez o bairro do Pontal da Barra, ponto turístico que fica na outra margem da Lagoa Mundaú, registrar 80% de queda em seu faturamento. Por medo do risco de colapso no solo, turistas têm cancelado hospedagens até em cidades vizinhas.
O solo na área da mina instável já cedeu 1,87 m desde o dia 30 de novembro até esta terça-feira (5), de acordo com a Defesa Civil. Com 500 mil metros cúbicos, parte da mina fica sob a lagoa e a outra parte fica sob o continente. A proximidade com a lagoa fez com que o movimento de turistas caísse drasticamente no Pontal, que sequer está na área de risco.
“Eu fico triste com isso. Em novembro e dezembro, a gente costumava vender bastante as nossas peças, agora as lojas estão vazias”, lamentou a artesã Adriana Albuquerque, que tem no turismo sua principal fonte de renda.
Com a queda no ritmo do afundamento do solo na área da mina da Braskem, a Defesa Civil reduziu o alerta para risco de colapso. O órgão afirma que o rompimento não afetaria as áreas que estão ocupadas atualmente. Desde 2018, mais de 14 mil imóveis foram evacuados em 5 bairros da cidade.
Mesmo com as áreas turísticas fora de risco, os artesãos do Pontal amargam grandes prejuízos desde que o alerta foi emitido para o bairro do Mutange. “Não vemos turistas nas ruas. As pessoas precisam saber que não fomos atingidos pelas tragédia que está acontecendo, venham nos visitar”, disse Valéria de Sá, presidente da Associação das Artesãs do Pontal da Barra.
Além das artesãs, quem trabalha com passeios turísticos também é impactado. Jardson Custódio conta que os passeios de catamarã pela Lagoa Mundaú têm reunido cada vez menos gente e os barcos, que antes navegavam cheios, agora não atingem sequer 50% de sua capacidade.
“São grupos e grupos cancelando [os passeios], o pessoal nos hotéis também está cancelando, a gente está tendo uma grande dificuldade com toda essa repercussão”, afirmou Jardson Custódio.
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Parte da mina da Braskem que pode afundar fica sob a lagoa Mundaú e a outra parte sob o continente, no bairro do Mutange
Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas
O g1 entrou em contato com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas, que informou que está fazendo o levantamento dos dados e o impacto causado ao setor. A ABIH disse ainda que está trabalhando para esclarecer aos turistas que não é preciso cancelar as viagens a Maceió.
A preocupação é grande, sobretudo, por causa da chegada da alta temporada, que deveria ser um período de maior faturamento para o setor. A secretária do Turismo de Alagoas, Bárbara Braga, ressalta que não há perigo para os bairros que estão fora da área de risco.
“Estamos prontos para receber os turistas com muito planejamento estratégico e logística do turismo. É importante passar essa tranquilidade para o nosso visitante, os laudos demonstram que não existe a possibilidade desse acontecimento impactar outras regiões”, disse a secretária Bárbara Braga.
Na última segunda-feira (4), o prefeito de Maceió, JHC (PL), e o senador Rodrigo Cunha (PODEMOS-AL), presidente em exercício do Congresso Nacional, se reuniram com o ministro do Turismo, Celso Sabino, para discutir o assunto.
Durante essa reunião ficou acertado que técnicos do Ministério do Turismo vêm a Maceió para viabilizar uma linha de crédito voltada aos bares, restaurantes e hotéis afetados diretamente pelo desastre ambiental provocado pela Braskem.
Cancelamentos também em cidades vizinhas
Mas não é só Maceió que amarga prejuízos ao setor de turismo. Donos de pousadas e hotéis de cidades vizinhas, no litoral Sul, também já sentem os efeitos da repercussão do afundamento do solo na capital.
Bepe Luna tem pousada na Barra de São Miguel, um dos principais balneários do litoral Sul alagoano, e diz que muitos hóspedes desistiram de reservas desde que o alerta foi emitido.
“É um momento muito difícil que estamos enfrentado. Com todas essas notícias espalhadas, muitas pessoas de outros estados estão pensando que a praia também é uma área de risco. Teve cancelamento até para o período do carnaval. Aqui não tem o menor risco, estamos a 35 km da área afetada”, disse Bepe.
Quem mantém a viagem, afirma que consegue aproveitar a cidade com tranquilidade. “Falaram que dava para fazer o passeio tranquilo porque não seríamos afetadas em nada. O passeio foi muito bom”, disse Cássia Hidalgo, turista de São Paulo.
Embora haja proibição do tráfego de barcos no trecho da Lagoa Mundaú próximo ao Mutange, toda a extensão em direção a Marechal Deodoro, no encontro com a Lagoa Manguaba, está liberada para o turismo. Foi esse passeio que fez a turista Luzinete Leal, também de São Paulo.
“Não fiquei preocupada em momento nenhum, quando chegamos aqui nos informaram que existia um local perigoso mas que não iríamos até lá. O passeio foi bem tranquilo”, disse a turista.
VÍDEO: Entenda o risco de colapso da mina da Braskem
Entenda o risco de colapso em uma das 35 minas da Braskem no Mutange, em Maceió
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