Isolamento socioeconômico gerado pelo esvaziamento de bairros vizinhos deixou comunidades sem serviços essenciais como saúde e escolas, além de provocar perda do comércio e problemas de segurança. Comunidades isoladas dos Flexais, em Bebedouro, aguardam pela realocação
Moradores de comunidades que enfrentam de isolamento socioeconômico devido ao esvaziamento de bairros vizinhos, afetados pelo afundamento do solo de Maceió, esperam finalmente conseguir realocação e indenização, após o rompimento de uma mina da Braskem no Mutange, bairro vizinho.
Essas comunidades nunca foram incluídas no Programa e Compensação Financeira e Apoio à Realocação da Braskem, porque segundo a Defesa Civil de Maceió, não há risco de afundamento nesses locais.
Entretanto, os moradores enfrentam ilhamento social e econômico gerado pela desocupação dos bairros vizinhos, perdendo comércio, equipamentos públicos como postos de saúde e escolas, além de ter problemas de segurança e de infraestrutura nas residências.
Abilene Lourenço Costa mora no Flexal de Cima, em Bebedouro. Ela afirma que vive a cerca de 300 metros de residências que foram incluídas no mapa da área de risco para realocação, mas que seu imóvel nunca entrou para o mapa.
“Como a 300 metros nós não estamos em risco? Se nós estamos nas bordas. A minha casa está com rachaduras. Nós estamos nas bordas das minas e eles dizem que nós não estamos em perigo”.
Moradores dos Flexais reivindicam realocação
Ragi Torres/TV Gazeta
Outro morador fala sobre a dificuldade para conseguir atendimento médico. “Tem que acordar de madrugada para ir para outro bairro. Amanhecer o dia lá para pegar uma ficha e quando pega.”
No dia seguinte ao colapso de uma das 35 minas que a empresa mantinha para extração de sal-gema e cinco anos depois que as primeiras famílias foram obrigadas a deixar suas moradias, foi criado o documento Carta de Alagoas, para cobrar medidas para minimizar os danos causados pela Braskem.
Ao todo, mais de 14 mil imóveis já foram evacuados em cinco bairros. Pesquisadores ainda avaliam os impactos ambientais causados pelo colapso.
No documento, a Prefeitura de Maceió ” se compromete a peticionar concordando com a Ação Civil Pública da Defensoria Pública do Estado nº 0801886- 75.2023.4.05.8000, nesta segunda-feira (11/12), em favor da realocação dos moradores do Bom Parto, Flexais, Vila Saem, Rua Santa Luzia e Marquês de Abrantes, não incluídos no acordo anterior com a Braskem. Medida já tomada pelo Governo do Estado”.
Por meio de nota, a Braskem disse que, desde 2019, vem implementando ações para resolver o tema de forma diligente na cidade de Maceió e em conformidade com os cinco acordos assinados com as autoridades competentes. Além disso, a companhia esclarece que vem realizando ações junto às comunidades dos bairros afetados, e que mantém diálogo constante com todos os envolvidos.
Desde 2020, por meio de ação civil pública, a Defensoria Pública Estadual cobra realocação e indenização para as comunidades isoladas. Moradores também já realizaram vários protestos para reivindicar a inclusão no Programa de Compensação Financeira da Braskem.
“Que as comunidades venham a ser incluídas no Plano de Compensação Financeira, para que haja indenização justa, avaliada para cada proprietário e que cada um posso decidir a sua vida, onde queira viver”, disse o líder comunitário Valdemir Alves.
VÍDEO: Pesquisa da UFAL aponta necessidade de realocação de moradores dos Flexais, em Bebedouro
Levantamento da UFAL aponta necessidade de realocação de moradores dos flexais
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Comunidades isoladas pelo afundamento do solo em Maceió cobram realocação: ‘Estamos nas bordas das minas’
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