Igreja em Maceió é interditada por risco de colapso em mina: ‘Tristeza e indignação’, diz pastor


Medida ocorre após decisão judicial. Templo fica vizinho ao bairro onde ocorre afundamento do solo por causa da mina 18 da Braskem. Bairros estão afundando em Maceió; alerta se estende a novos bairros
A Igreja Batista do Pinheiro (IBP) foi interditada nesta segunda-feira (4) pela Defesa Civil de Maceió após decisão judicial que determinou a desocupação de imóveis localizados na área de risco de afundamento do solo causado pela mineração da Braskem, que ainda resistiam em permanecer na região. O templo fica próximo ao Mutange, onde está a mina de extração de sal-gema com risco de colapso.
“É um sentimento de dor, de tristeza, de indignação”, lamenta o pastor responsável pela igreja, Wellington Santos.
Igreja Batista do Pinheiro é fechada por motivos de segurança
Reprodução/TV Globo
O bairro do Pinheiro, onde fica localizada a igreja, foi o primeiro a apresentar rachaduras no solo e em imóveis. A região começou a ser desocupada em 2019 e se tornou um bairro fantasma. Apesar do esvaziamento, até este domingo (3), os cultos continuavam acontecendo no templo.
Em nota divulgada nas redes sociais, a igreja afirmou que sua permanência no Pinheiro aconteceu de forma orientada por pesquisadores, técnicos e Defesa Civil. “A resistência da IBP em um território em ruínas é o nosso grito permanente de denúncia profética do maior crime socioambiental em solo urbano do mundo causado pela Braskem em Maceió”, diz um trecho.
Segundo o pastor, um laudo da Defesa Civil de 2021, apontou que não havia nenhum dano estrutural no imóvel, apesar de estar localizado na área mais crítica do mapa de realocação (veja ao final do texto) e que por isso, a igreja seguia funcionando normalmente.
“Disseram que a nossa estrutura era segura, que não tinha nenhum problema de rachadura, de fissuras. Logo, não havia necessidade de tomar nenhuma medida emergencial, mesmo atestando que estamos na área 00 do mapa”.
Vale esse 01/12 Mina de extração de sal-gema em Maceió cede quase 2 metros em 72 horas
Arte/g1
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Apesar da interdição, o pastor afirma que a igreja não vai mudar de endereço. “Nós manteremos [o templo] aqui. Não é um apego ao prédio, é à memória”. Enquanto o local estiver fechado, os cultos vão acontecer em outros locais. “Nós vamos nos reunir nas praças, ou na casa de alguém, e deixar que a Justiça decida”.
O líder religioso afirmou que vai contestar a decisão judicial. “Nós estamos preparando um novo laudo, atestando que não há risco e não há correlação de perigo estrutural. Com base no laudo, nós vamos pedir ao juiz que reveja essa decisão”.
Com 400 membros e 50 anos de história, a Igreja Batista do Pinheiro é Patrimônio Material e Imaterial de Alagoas. O templo tem um reconhecido trabalho de acolhimento aos grupos minoritários. Em 2016, a Igreja Batista do Pinheiro chegou a ser excluída da Convenção Batista Brasileira (CBB) por realizar o batismo de membros assumidamente homossexuais.
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