Defesa Civil disse que o afundamento do solo desacelerou, mas o risco de desabamento permanece iminente. Novo tremor atinge a região da mina que ameaça colapsar em Maceió; Defesa Civil diz que terra está afundando num ritmo menor
Um novo tremor atingiu a região da mina que ameaça colapsar em Maceió. A Defesa Civil disse que o afundamento do solo desacelerou, mas o risco de desabamento permanece iminente.
Na casa da Dona Expedita as rachaduras estão por toda parte. O piso também está cedendo. Ela mora no Bom Parto, um dos bairros afetados pelo afundamento do solo. E aguarda com medo enquanto não há uma decisão final sobre a permanência dela no local.
“No meu caso eu passo o dia aqui cozinhando e lavando a roupa, eu entro e só Jesus pra me segurar, porque não tem como sair, porque a qualquer momento essa casa desabar eu morro. Eles têm que tomar uma posição sobre a gente”, relata a dona de casa.
O Manassés também mora no Bom Parto e teme que pior aconteça: “Como vocês estão vendo aí, a lagoa é o quintal da minha casa e qualquer momento não sei o que vai acontecer. Se água vai invadir pra rua, pra minha casa.”
Novo tremor atinge a região da mina que ameaça colapsar em Maceió; Defesa Civil diz que terra está afundando num ritmo menor
Reprodução/ TV Globo
O bairro é um dos afetados pelo afundamento do solo, e muitos moradores ainda estão no local porque não entraram no mapa de risco até agora. A ampliação da área, determinada pela Justiça, vai beneficiar estas pessoas que vivem com medo do desabamento de suas casas.
Ao todo, cinco mil moradores vizinhos ao local esperam que a decisão liminar acabe levando a uma ação definitiva da prefeitura.
Toda a região começou a ser explorada na década de 1970 pela Salgema Indústrias Químicas, incorporada pela Braskem em 2002. Ao todo eram 35 minas, usadas para extrair sal-gema, minério utilizado na produção de cloro, soda cáustica e pvc.
As primeiras rachaduras apareceram em 2018, no bairro Pinheiro. A área originalmente isolada abrange cinco bairros de Maceió, próximos à lagoa Mundaú, afetando 55 mil pessoas que já deixaram as casas.
Uma liminar da Justiça determinou a ampliação para englobar outros cinco mil moradores vizinho do local. O alerta, agora, está na área da mina 18, no bairro Mutange.
Segundo a Defesa Civil de Alagoas, a mina tem em torno de 60 metros de largura por 120 de altura. Parte dela fica por baixo da Lagoa de Mundaú. Especialistas acreditam que o colapso possa abrir um buraco do tamanho do estádio do Maracanã e afetar toda a região.
Segundo a Defesa Civil de Alagoas, a mina tem em torno de 60 metros de largura por 120 de altura.
Reprodução/ TV Globo
Neste sábado (2), a Defesa Civil anunciou que o cálculo de afundamento de quarta-feira (29) até esta sexta (1°), foi menor do que o estimado anteriormente. No lugar de 1,87 metros, o solo cedeu um 1,60 metros, numa média 40 centímetros por dia.
De sexta para sábado, o ritmo diminuiu e o terreno movimentou 11, 8 cm nas últimas 24 horas. No total, o solo já afundou 1,73 metros, a altura média de um homem.
“Houve, na verdade, uma redução de todos dos dados, mas ainda não é o caso de sairmos do alerta máximo. As taxas diárias de sismos tiveram uma redução. Mas é bom lembrar que isso não quer dizer que há estabilização”, relata Abelardo Nobre, coordenador da Defesa Civil.
Em nota, a Braskem afirmou que a extração de sal-gema foi totalmente encerrada em maio de 2019. E que as atividades para preenchimento da cavidade 18 estavam em andamento e foram suspensas preventivamente devido à movimentação atípica no solo.
Sobre as indenizações, a empresa disse que também já fechou um acordo com o município e com cerca 90% das famílias.
Nas redes sociais, o presidente em exercício Geraldo Alckmin já tinha afirmado na sexta que o Governo Federal está prontidão para adotar medidas emergências e cooperando com a prefeitura de Maceió e o Governo de Alagoas para reconstruir os bairros atingidos.
O governado de Alagoas, Paulo Dantas, do MDB, disse que já tem uma reunião marcada com presidente Lula quando ele retornar da conferência do clima em Dubai.
Em nota, a Braskem informou que foi notificada da decisão da Justiça sobre a inclusão de mais um trecho na área de risco. Mas afirmou que a Defesa Civil de Maceió não recomenda a desocupação imediata dos moradores, por não haver riscos às moradias nessas novas áreas de monitoramento.
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