Mestre Vicente mantém vivo o Guerreiro, um dos folguedos mais tradicionais de Alagoas

Ele diz que é preciso levar o folguedo para as escolas para não deixar a tradição morrer. Mestre do Guerreiro de Alagoas fala sobre sua história no folguedo
“Guerreiro! Cheguei agora. Nossa Senhora é nossa defesa!” Quem mora em Alagoas já deve ter ouvido a famosa letra que introduz uma das músicas mais cantadas do Guerreiro, folguedo típico do estado, um dos mais ricos em cores, cantos e dança. A tradição é passada durante anos entre as gerações. Os grandes mestres aprenderam a “brincar” com seus antepassados e assim, o Guerreiro vem se mantendo vivo na cultura popular alagoana.
Mestre Vicente é um dos representantes desse folguedo. Há 40 anos ele se dedica à tradição. Tudo começou quando ainda morava na cidade de Pilar, aos 8 anos de idade.
“Eu vou botar a data logo, há 40 anos que eu brinco Guerreiro. Cheguei na Chã do Pilar e fiquei gostando da brincadeira. Tinha um Guerreiro lá onde eu morei. Aí entre no Guerreiro e comecei cantando. Todo mundo saiu e eu fiquei”, relembra o Mestre.
Ele conta que aprendeu com o pai, que era mestre do folguedo em Santana do Mundaú. Depois que ele faleceu, Vicente deu continuidade e formou grupos por onde passou. Eles diz que, para a tradição não morrer, é preciso ensinar desde cedo às crianças como dançar.
“Se não começar pela escola, não tem criança. Se falar com a diretora, com a professora, a gente leva pra dentro da escola uma pessoa para bater mesa, um pandeiro. As crianças vão gostando e acabam ficando”, disse Mestre Vicente.
O mestre ‘brinca’ em pelo menos três grupos de Guerreiro e diz que se apresentar é sempre uma alegria.
O Guerreiro é um auto natalino, de caráter dramático, profano e religioso, que reúne elementos de outros folguedos. Ele surgiu em Alagoas e passou a ser um dos maiores representantes da cultura do estado.
“O Guerreiro surgiu no final da década de 20, da fusão dos antigos Reisados com as Cheganças e os Pastoris, e chegou naquilo que a gente gosta e tem orgulho em dizer que é a essência da cultura popular de Alagoas”, explicou João Lemos, diretor do Fórum de Cultura.
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