Trabalho de Tom Carvalho chamou atenção da produção do longa metragem ‘Deus ainda é brasileiro’, gravado no Sertão de Alagoas. Diretor acompanhou a montagem pessoalmente. Maquetes realistas de designer alagoano são usadas em filme de Cacá Diegues
Um trabalho que começou despretensioso acabou ganhando as telas do cinema brasileiro. As maquetes feitas pelo designer alagoano Tom Carvalho se tornaram destaque durante as filmagens do longa metragem “Deus ainda é brasileiro”, do diretor Cacá Diegues, que também é alagoano, e gravou seus 20º filme em sua terra natal. As cenas foram rodadas no Sertão de Alagoas.
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Tom Carvalho trabalha com artes digitais e disse que executar uma atividade totalmente manual foi um desafio. Tudo começou durante a pandemia quando ele buscou uma alternativa para que a filha ficasse menos tempo na frente da tela do computador. Ele recolheu material reciclável, papéis, cartolina, isopor, tubos de papelão e foi criando cenários imaginários.
“A primeira [maquete] que a gente fez, eu me surpreendi com o resultado. A rede social, os amigos incentivaram muito a continuar dizendo que tinha ficado legal”, disse Tom.
Uma das suas maquetes reproduziu uma cena de um filme dos anos 80. Ficou tão realista, que não parou mais. A ponto de fazer uma exposição em um shopping de Maceió. Um dos produtores do filme visitou a exposição e convidou Tom para fazer parte do longa com seu trabalho.
“O Cacá Diegues é um diretor ainda à moda antiga, não quer usar as técnicas em 3D, que hoje em dia são muito mais práticas para fazer cenas para cinema. Ele é da moda antiga, onde tudo era feito com maquetes. Foi quando surgiu o convite para fazer o filme, um baita desafio”, contou o designer.
Maquetes de Tom Carvalho são destaque no filme de Cacá Diegues
Reprodução/TV Gazeta
Suas maquetes foram utilizadas em vários momentos do longa. A maior de todas foi cenário de uma cena de incêndio, a maior de todas e que deu mais trabalho. Tom disse que Cacá Diegues acompanhou o processo de produção pessoalmente.
“Foi a primeira maquete que eu fiz de um ambiente que existe na vida real. Tinha uma igreja, tinha casinhas, tinha o pavimento da rua. A grande preocupação era tornar real a ponto do espectador que está assistindo ao filme, não distinguir o que é cena real da rua e o que é cena feita com a maquete”, explicou.
Tom levou 15 dias para deixá-la pronta. Um tempo que ele considera recorde por causa do andamento das gravações. A maquete ficou tão grande que quando foi tirar de casa para levá-la até Piranhas, onde a cena foi gravada, não conseguiu passar com ela pela porta. Foi preciso desmontar uma parte e montar novamente fora de casa.
“Foquei totalmente nela por causa do prazo que estava apertado. Eu que faço isso como hobby, é inusitado pensar que cheguei em um filme. Não vejo a hora de ver meu nome subindo nos créditos. Vai ser uma realização. A ficha vai cair nesse momento”, comemora.
O filme “Deus ainda é brasileiro” foi inteiramente ambientado em Alagoas. Diegues explica que o novo longa não é uma continuação de “Deus é brasileiro”, de 2003 que também teve cenas gravadas em Alagoas e em outros estados do país.
O elenco conta com Antônio Fagundes novamente no papel de “Deus” e as atrizes alagoanas Ivana Iza, como Madá, e Laila Vieira, como Linda, a protagonista da história. A previsão de estreia nos cinemas é no segundo semestre de 2023.
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