Entregador apontado como ladrão e espancado na rua em Maceió presta queixa: ‘Espero que seja feita justiça’

Vídeo mostra jovem de 19 anos apanhando no rosto deitado no chão, com as mãos amarradas; próximo dele, estava a mochila e a bicicleta usadas nas entregas. Polícia Civil investiga o caso. Arthur Argemiro, entregador confundido com ladrão, foi imobilizado e espancado na rua, no bairro da Jatiúca, em Maceió
Reprodução/Vídeo
Um entregador de 19 anos foi espancado enquanto trabalhava na noite de domingo (18), na Jatiúca, em Maceió, por pessoas que o acusavam de um assalto. Um vídeo gravado com celular mostra o jovem apanhando no rosto mesmo já estando imobilizado. A Polícia Civil informou nesta segunda-feira (18) que investiga o caso.
“[Eles] me amarraram, deram 4 tapas na minha cara, chute… Espero que seja feita justiça”, disse Arthur Argemiro, que registrou um Boletim de Ocorrência após ser liberado pelos agressores.
As imagens mostram Arthur deitado no chão, com as mãos amarradas. Um homem de camisa azul se aproxima e dá dois tapas no rosto do jovem. Na confusão, a bicicleta que ele usava para trabalhar foi quebrada.
De acordo com o entregador, um outro homem de bicicleta cometeu o assalto no momento em que ele passava pelo mesmo local. Quando a vítima começou a gritar por socorro, as pessoas que estavam na rua acharam que era ele o assaltante e o perseguiram.
“Estava pelo Corredor Vera Arruda com a minha bag, meu celular, voltando para casa já. Teve um rapaz que passou com uma bag nas costas, uma bike grande, o suposto ladrão com quem me confundiram. Na mesma hora eu ouvi os gritos de ‘pega ladrão’, corri, mas o cara jogou o carro em cima de mim e começou a me acusar”, relatou o entregador.
A polícia agora tenta identificar os agressores e deve convocar Arthur para um novo depoimento nos próximos dias.
“Nós mantivemos contato com a mãe do rapaz e vamos tomar o depoimento dele e das outras partes envolvidas para saber em que circunstâncias esse caso aconteceu. Também vamos procurar as imagens para verificar como ocorreu o fato”, disse a delegada Luci Mônica.
Somente em 2022, foram registrados 67 casos de justiçamento, como é conhecido esse tipo de crime. Destes, 13 resultaram em morte. Em 2023, já foram 72 casos que resultaram em 26 mortes, o dobro dos linchamentos registrados no ano passado.
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