Vizinhos de bairro que pode afundar em Maceió protestam contra retirada às pressas: ‘Cobramos isso há muito tempo’


Defesa Civil orientou que famílias se abriguem em escolas municipais localizadas em outros bairros. Mina da Braskem no Mutange pode desabar e abrir cratera do tamanho do Maracanã. Moradores dos Flexais protestam em Maceió
Moradores das comunidades Flexal de Baixo e Flexal de Cima, localizadas em Bebedouro, bairro vizinho ao Mutange, onde está localizada a mina da Braskem que pode desabar, protestaram nesta sexta-feira (1ª) contra a orientação para deixarem suas casas às pressas. Não há ordem de evacuação, mas a Defesa Civil recomendou que as famílias se abriguem em escolas municipais por precaução.
O protesto começou por volta de 12h30, com bloqueio do trânsito com pneus e galhos de árvores. Essas famílias cobram realocação há anos, desde que a desocupação começou, em 2019, mas sempre ouviram como resposta do poder público que a região não seria afetada diretamente.
“Aqui não é um desastre natural, como fortes chuvas. O que está acontecendo aqui é fruto da extração desordenada da sal-gema feita pela Braskem. Por isso, a mineradora tem obrigação em retirar a gente e dar um local digno. Cobramos isso [realocação] por muito tempo e ninguém fez nada”, disse o líder comunitário Ronaldo Silva.
O problema começou em 2018 e, à medida que foi se agravando, provocou a desocupação de mais de 14 mil imóveis em cinco bairros de Maceió. Somente as famílias que viviam na área de risco direto foram incluídas no programa de compensação financeira da Braskem, empresa responsável pela mineração apontada como a principal causa da a instabilidade no solo.
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Por isso, muitos moradores dessas comunidades dos Flexais questionam a saída emergencial, mesmo que por precaução. Eles dizem que não vão deixar suas moradias para ficar em abrigos improvisados como se o problema não fosse algo esperado.
Por meio de nota, a Prefeitura de Maceió disse que disponibilizou abrigos para acolher a população de forma emergencial e que já solicitou ao Governo Federal apoio para garantir moradias à população que foi obrigada a deixar suas casas. Mas essa medida não compreende as famílias que estão protestando, já que não há ordem para evacuação nos Flexais, apenas recomendação.
O g1 também entrou em contato com a Braskem, mas não recebeu resposta até a última atualização da reportagem. Nos protestos que aconteceram antes do alerta de colapso, a empresa argumentava que só poderia incluir no Programa de Compensação Financeira os proprietários dos imóveis nas áreas com ordem de evacuação.
Desde que as evacuações começaram no Mutange, Bom Parto, Bebedouro e em parte do Pinheiro e do Farol, mais de 55 mil pessoas tiveram que deixar seus imóveis. Após o alerta de colapso, a Justiça determinou a retirada de pouco mais de 20 famílias no Bom Parto.
Imagem panorâmica mostra localização onde mina pode afundar, próximo da lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, em Maceió
Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas
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