De forma voluntária ou cumprindo ordem judicial, dezenas de pessoas estão deixando para trás tudo que tem sem saber por quanto tempo ficarão fora de casa ou se poderão voltar depois. Moradores estão tendo que deixar suas casas às pressas por causa do risco de afundamento de uma mina próximo à lagoa Mundaú
Reprodução/TV Gazeta
Moradores do Bom Parto, em Maceió, foram obrigados a sair de casas às pressas e deixar tudo para trás por causa do risco iminente de colapso da mina 18 da Braskem, no Mutange. Durante anos, eles reivindicaram realocação, mas só foram retirados da região depois da decisão da Justiça nessa quinta-feira (30).
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A marisqueira Marivânia dos Santos Venâncio afirma que a forma como os moradores estão sendo retirados de suas residências, às pressas e sem nenhum preparo, não é o que eles esperavam.
“Eles falaram que a gente tinha de sair né, de qualquer jeito. E aí chegaram lá com dois ônibus, situação foi essa que generalizou lá uma confusão porque muitos não aceitaram, porque a gente já vive indignada há muitos anos, muitos meses e anos, e aí eles chegaram do nada, pra retirar todo mundo”.
Os moradores vêm pedindo a inclusão no Mapa de Risco da Defesa Civil que garante a realocação das famílias e indica a necessidade de desocupação das áreas de risco. Somente quem foi incluído no mapa tem direito à compensação financeira paga pela Braskem, petroquímica responsável pela mineração que causou o problema, que começou em 2018 com um intenso tremor de terra.
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O barbeiro Alex Leite disse que está angustiando por não saber o que vai acontecer com a casa que construiu nem onde vai morar.
“De imediato a gente fica assim, não sabe o que vai fazer. Pra gente que é trabalhador é só tirar o necessário. Vamos tirar uma geladeira, um fogão e é isso? E o que eu construí fica pra trás? Assim, a gente queria que nos preparassem”, disse.
A Justiça Federal determinou a desocupação de 23 residências nas áreas mais próximas do Mutange, como Bom Parto e Bebedouro, com autorização para uso de força policial caso haja resistência. A medida atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF). Mais de 14 mil imóveis já foram desocupados na região desde que o problema começou, em 2018.
A dona de casa Adeilza Maria Ferreira da Silva disse que os moradores vivem de incertezas, porque não sabem o que vai acontecer após deixarem suas casas.
“O sentimento que a gente tem é de impotência. Porque assim, a gente tá em alerta, e alerta este que se acontecer o pior a gente sai as pressas e acabou…”, afirmou.
Quem mora no Pinheiro, bairro vizinho, não tem indicação para evacuação, mas tem deixado suas casas por precaução. O empresário Thiago Monteiro mora em um dos prédios da rua José de Alencar e deixou o imóvel assim que recebeu a primeira mensagem da Defesa Civil.
“Eu estava no trabalho e recebi o SMS. Como meu filho já está de férias, ele estava em casa só com a funcionária. Resolvi pegá-lo e vim para casa da minha mãe. Fiquei com receio por conta de ser no Mutange, que fica próximo. Se o colapso for grande pode desestruturar uma boa parte do terreno aqui na região, não sabemos. Se acontece algo, não dá pra chegar tão rápido em casa. E o trânsito já está bem complicado”, disse ele.
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‘A gente não sabe o que vai fazer’, dizem moradores obrigados a sair às pressas do Bom Parto, em Maceió
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