Trilha pela Mata Atlântica é reativada


Espaço fica em Fernão Velho e valoriza patrimônio histórico e cultural No bairro Fernão Velho, entre as construções históricas da estação de trem e da antiga Fábrica Carmen, se esconde um tesouro natural que voltou a ser explorado pelos amantes das aventuras. Um pedaço da Mata Atlântica inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) do Catolé possui trilhas que levam a dois pontos de visitação, a histórica imagem de Cristo crucificado esculpida em bronze, no Alto do Cruzeiro, e os reservatórios naturais de água cristalina que a região abriga.
O espaço estava praticamente sem uso até o início deste ano, mas voltou a ser frequentado quase semanalmente desde que a Prefeitura de Maceió atendeu ao pedido do grupo de moradores Mãos Amigas para reativar as trilhas e movimentar o bairro, gerando renda para a população local.
Por meio da Autarquia de Limpeza Urbana (Alurb), o Município realizou a limpeza, poda de árvores e identificação dos acessos pela mata, com uso de placas de madeira e fitas sinalizadoras.
Já a Autarquia Municipal de Iluminação Pública (Ilumina) realizou um investimento de quase R$ 340 mil na substituição e instalação de luminárias em todo o bairro, incluindo a entrada da trilha principal e o Alto do Cruzeiro, que há décadas estavam na escuridão.
O líder comunitário Laerte Silva conta que desde maio o local está sempre movimentado, com passeios de escolas, grupos de ciclistas e de trekking e também de religiosos, que fazem o trecho mais curto para encontrar a imagem de Cristo e realizar celebrações.
É muito comum que os religiosos façam o percurso durante a Semana Santa e no mês de setembro, quando é realizado o terço dos homens, como conta José Barbosa, zelador da Grutinha Milagrosa, uma capelinha logo no início da trilha.
Trabalha Maceió
Divulgação
A trilha
A subida começa com uma escadaria, mas logo chega à parte onde o caminho é totalmente natural, abraçado pelas árvores e pelo aroma da vegetação. Em 20 a 30 minutos, sem qualquer pressa, o Cruzeiro e o santuário recebem os trilheiros, convidando a um repouso ou um lanche, para seguir até a próxima parada.
De lá, quem quer segue no passeio até os reservatórios por trás da Fábrica Carmen. São menos de dois quilômetros no total, com subidas e descidas. No local de destino, é possível tomar um refrescante banho de bica, mas não se pode tomar banho nos reservatórios por conta da profundidade e risco de afogamento. O solo formado por argila é pegajoso, o que torna o mergulho mais perigoso.
Mas para além do banho de bica, a paisagem que se apresenta a quem chega ao destino final da trilha é uma miragem no sentido mais poético da palavra. Um grande lago de águas verdes cristalinas cercado por mata encanta e surpreende até mesmo quem mora no bairro.
“Muita gente aqui de Fernão Velho não conhece, só ouviu falar. A ideia de revitalizar é para que o nosso bairro sempre tenha atrativos diferentes. A intenção da gente é que realmente Maceió frequente e conheça isso aqui. É uma coisa tão gostosa que você faz naturalmente e nem percebe a distância”, ressalta Laerte.
A trilha termina dentro da Fábrica Carmen e dá para ir a pé até a praça principal do bairro para comer um pastel com caldo de cana e fazer fotos na Paróquia de São José Operário e na estação de trem, de onde é possível sair em um passeio na antiga locomotiva. Também dá para almoçar em um restaurante com vista para a lagoa e ver o pôr do sol ou visitar o Balanço Gigante no bairro vizinho, Santa Amélia.
Uma das entusiastas do aproveitamento das riquezas ambientais de Maceió, a diretora executiva da Alurb, Kedyna Tavares, defende que práticas como as trilhas contribuem com o desenvolvimento sustentável da cidade e do ecoturismo. “É um conjunto de medidas voltadas para a melhoria do bem-estar da população como um todo, proporcionando o acesso a espaços verdes e fortalecendo a educação ambiental em uma reserva da Mata Atlântica preservada em uma área urbana. Quando aprendemos com os seres da natureza, reconhecemos neles seu poder de educar as futuras gerações”, pontua.

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