Hotel Jatiúca, em Maceió, é comprado por construtora; MP cobra explicações sobre venda e novo empreendimento

Promotoria de Justiça de Urbanismo disse que há preocupação com o impacto urbanístico e cultural que o novo empreendimento que vai funcionar no local pode provocar. Construtora Record afirmou que vai preservar hotel e a Lagoa da Anta. MP cobra explicações da Prefeitura de Maceió e de construtora que comprou o Hotel Jatiúca
Após a confirmação de que o Hotel Jatiúca, na orla de Maceió, foi comprado pela construtora Record e vai dar lugar a um empreendimento imobiliário, o Ministério Público Estadual (MP-AL) cobrou da Prefeitura de Maceió e da construtora explicações sobre a venda do hotel e o projeto do novo empreendimento.
Segundo o promotor de Justiça Jorge Dória, da Promotoria de Justiça de Urbanismo, a preocupação é com o paisagismo e a possível degradação da área verde, que inclui a Lagoa da Anta.
“A utilização de uma propriedade tem que ter um alcance social. Aquele local já está dentro de um contexto social, urbanístico, de benefício para a comunidade. Mesmo sendo adquirida, aquela área por quem quer se seja, a utilização dessa área tem que estar em consonância com esses aspectos sociais que a lei exige. Portanto, você não pode mais usar a propriedade do jeito que a prover. Isso é lei. Outra coisa, uma paisagem, um local esteticamente adequado, um local que se transformou em referência para a cidade, para as pessoas, recebe uma chancela legal no sentido de que tenha que ser preservado”, disse o promotor.
O Ministério Público deu prazo de 15 dias que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) e construtora Record prestem esclarecimentos.
“Soubemos que no lugar do Hotel Jatiúca será implantado um grande empreendimento imobiliário e , considerando os possíveis impactos para a ordem urbanística, o Ministério Público pediu que as partes envolvidas no negócio e também a Secretaria Municipal esclarecessem, prioritariamente, sobre o projeto a ser implantado no local. Entendemos que a mudança poderá causar impactos não somente urbanísticos, mas também cultural e turístico a depender da pretensão dos novos proprietários”, disse o promotor.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas (ABIH Alagoas), André Santos, afirmou que o fim do hotel, que é uma referência, preocupa o setor turístico.

“O que é que isso vai levar para o nosso destino? Já que é um produto turístico, que atrai consideravelmente. Além do hotel em si, mas também do destino. Isso deixa muito preocupado o setor, porque antes de tudo, é uma história que está enraizada, o produto, no caso o hotel, está enraizado no turismo de Alagoas. Antigamente, o Hotel Jatiúca era uma referência. Tanto que você tinha que ter um prazo longo, de um ano ou até mais, para conseguir uma reserva”, disse.
O assessor de comunicação da construtora Record, Fernando Theodomiro, afirmou que os detalhes sobre os projetos para a área ainda serão divulgados.
“Dentre os vários projetos previstos para aquele espaço, o hotel é o primeiro deles e é o que está certo pelo nosso planejamento. Os demais poderão ser residenciais, empresariais. Isso está em estudo e oportunamente será divulgado. Daqui a seis meses, o primeiro projeto será apresentado.
A construtora garantiu que vai manter e ampliar a área verde que engloba a lagoa da Anta.
“A nossa preocupação é, primeiro, que o espaço mantenha a sua cobertura vegetal. Isso é fundamental. Recuperar a lagoa da Anta é outro ponto fundamental e manter a vocação daquele espaço para o turista, por meio do hotel, e para os alagoanos que quiserem estar naquele trecho da nossa cidade. É uma recuperação, um trabalho ambiental que vai ser feito naquele espaço, para que o alagoano possa curtir esse novo empreendimento, esses novos empreendimentos que vão surgir daqui por diante”, afirmou Fernando Theodomiro.
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