Perícia confirma que explosão em depósito de fogos em Maceió foi causada por armazenamento indevido de artefatos


Polícia Científica apresentou laudos da perícia criminal realizada no terreno onde ocorreu a explosão. IMA-AL multa dono de depósito de fogos de artifício que explodiu em Maceió
IMA-AL
A perícia criminal realizada no terreno onde funcionava o depósito de fogos de artifícios que explodiu no dia 6 de março no bairro de Guaxuma, em Maceió, confirmou que a causa da explosão foi o armazenamento indevido dos artefatos, que não obedecem à legislação vigente, associado à natureza química de alguns explosivos encontrados no local.
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O trabalho realizado pelo Instituto de Criminalística de Alagoas resultou em um laudo principal, 12 laudos complementares e 14 exames. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira (7) pela Polícia Científica.
Os peritos constataram que o proprietário não seguia a NR-19, a norma que regulamenta as medidas de proteção para o processo de fabricação, armazenamento e transporte de explosivos.
No dia 1º, a Justiça aceitou a denúncia contra Moisés Lanza, dono do depósito. Com isso, o acusado se tornou réu, mas vai responder ao processo em liberdade porque o juiz indeferiu o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil.
Durante os trabalhos paralelos para saber a causa e a dinâmica da explosão, os peritos constataram que no local alguns elementos de segurança não estavam no local adequado e que o depósito era inapropriado para evitar qualquer tipo de acidente com explosivo.
Todos os laudos periciais contendo os resultados dos exames e um farto conjunto de provas técnicas foram encaminhados para o 6º Distrito Policial. O material já está sendo analisado pelo delegado Robervaldo Davino e toda a equipe dele para concluir o inquérito policial que apura o caso.
Dinâmica da explosão
Após analisar oito amostras de diferentes explosivos encontrados no local, os peritos concluíram que uma dessas amostras apresentou uma substância atípica na composição dos artefatos que era o nitrato de manganês. A conclusão é que ao entrar em contato com vapores de aguarrás existentes em galões encontrados no depósito, o nitrato de manganês provocou a explosão.
Segundo o perito criminal Victor Portela, outro grave problema no armazenamento dos artefatos é que o contêiner onde ocorreu a primeira explosão (epicentro) não possuía uma coberta e nem estruturas más condutoras de calor, conforme prevê a NR-19.
O coordenador da equipe Gerard Deokaran esclareceu que a falta dessa estrutura permitiu maior absorver de radiação eletromagnética provocando um aumento de temperatura no contêiner. Com isso aconteceu uma reação típica de fabricação de baterias de lítio, onde uma pequena elevação de temperatura no nitrato de manganês com os vapores de hidrocarbonetos causou uma reação explosiva.
“Foi uma reação similar à fabricação desse tipo de bateria, sendo que quando ocorreu essa primeira explosão em um dos contêineres, ela teve energia suficiente para proporcionar a deflagração dos outros explosivos que estavam no demais contêineres, ocorrendo a explosão da forma como foi observada nos vídeos gravados no dia do fato”, explicou Deokaran.
A perícia ambiental realizada pela perita criminal Jana Kelly, que é veterinária e especialista na área também foi concluída. No documento consta a análise dos prejuízos causados à fauna e à flora, com a identificação da extensão da mata e do pasto destruído pelos focos de incêndio e também os danos a criação de ovinos e equinos existentes na chácara onde aconteceu a explosão.

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