Pescadores pedem que a Braskem pague um auxílio financeiro mensal. Petroquímica fala em dificuldade de comprovação de quem exerce a pesca na lagoa. Pescadores e marisqueiras não podem trabalhar na lagoa Mundaú desde o anuncio do risco de colapso da mina
Reprodução/TV Gazeta
Terminou sem acordo a audiência de conciliação realizada na 30ª Vara Cível da Capital, nesta sexta-feira (15), para tratar da indenização para os pescadores afetados pela proibição de navegação em trecho da lagoa Mundaú próximo ao local da mina que colapsou em Maceió. Quem depende da pesca e do sururu, cobra o pagamento de um auxílio financeiro, mas a Braskem não concorda com termos do acordo proposto.
Pescadores e marisqueiras estão impedidos de trabalhar no raio de 1 quilômetro da mina por tempo indeterminado. Eles argumentam que esse trecho da lagoa, uma área de Mangue no Mutange, bairro onde está localizada a maioria das minas da Braskem, era justamente o local mais produtivo.
“A gente quer uma posição sobre uma ajuda para a nossa categoria. Temos famílias e não podemos ficar sem o sustento para levar para casa”, disse o presidente da Colônia dos Pescadores, Mauro Pedro.
Em nota, a Braskem informou que continua em diálogo com representantes de pescadores e marisqueiras e que vem adotando medidas para compensar ou reparar impactos sociourbanísticos e ambientais na região.
Área que colapsou fica sob trecho da lagoa Mundaú
Thiago Sampaio / Agência Alagoas
De acordo com a empresa, existe a preocupação de como vai ser feita a comprovação dos documentos de quem realmente exerce a atividade na lagoa.
Um dia antes, uma outra reunião foi feita com representantes da Braskem, o Ministério Público Federal, a Superintendência Federal do Ministério da Pesca e Aquicultura em Alagoas e a Defensoria Pública da União, para tratar sobre o auxílio federal e um outro auxílio que deve ser pago pela Braskem, mas também terminou sem que se chegasse a um acordo.
Enquanto aguardam alguma definição, os pescadores que sobreviviam da pesca na lagoa enfrentam dificuldades, é o caso de Benedito Ferreira.
“Eu pesco na lagoa Mundaú desde 1982. Foi daqui que sempre tirei o sustento da minha família, dessa lagoa. Agora não posso mais”, lamentou.
Além da questão financeira, os pescadores relatam que ainda existe o clima de insegurança.
“Antes a gente saía para pescar e ninguém dizia nada, agora a gente sai para pescar e o amigo já diz logo para ir com Deus. Agora a gente sai e não sabe se volta”, disse Wilson Marques.
Auxílio federal confirmado
O governo federal anunciou no início do mês que pagará auxílio-financeiro para aproximadamente 6 mil pescadores e marisqueiras de Alagoas afetados pelo colapso da mina da Braskem. Isso independentemente do auxílio que é cobrado da Braskem.
“O auxílio do Governo Federal deve ser como no Rio Grande do Norte [para os pescadores afetados pela estiagem], mas eles ainda vão informar valores e parcelas. Na recomendação para a Braskem, pedimos que a indenização seja paga enquanto perdurar a proibição de pesca”, disse o Superintendente Federal do Ministério da Pesca e Aquicultura, Cauê Castro.
No entanto, ainda não há previsão de quanto será esse auxílio ou a data de pagamento.
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