Delegado que investiga o caso se reuniu com comando da Polícia Militar para discutir o assunto e foi informado de que a corporação também realiza investigação interna sobre o caso. Delegado detalha investigações contra alunos do curso de formação da PM-AL
O delegado Nivaldo Aleixo informou, em entrevista ao AL2 nesta terça-feira (29), que deve ouvir cerca de 70 alunos do Curso de Formação de Praças da Polícia Militar no inquérito que investiga a denúncia de agressão, injúria racial, homofobia e ameaça a três jovens na Praia do Sobral, no último dia 23.
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Em entrevista ao g1, os amigos relataram que cerca os alunos da PM faziam um treinamento na praia quando passaram por um grupo que estava fumando nas pedras do calçadão. Houve troca de xingamentos, o grupo fugiu, mas os três amigos que estavam próximo permaneceram observando. Como os PMs em formação não conseguiram alcançar os suspeitos, descontaram a raiva neles.
“Na segunda-feira (4) eu já começo a ouvir os alunos, serão aproximadamente 70 alunos que eu terei que ouvir. Não foram os 70 que espancaram [os jovens], mas aqueles que realmente os espancaram serão responsabilizados criminalmente”, afirmou o delegado Nivaldo Aleixo.
Alagoanos mostram agressões que sofreram de alunos do curso de formação da PM
Arquivo pessoal
Ainda de acordo com o delegado, em uma reunião que teve com o comandante da Polícia Militar, ele foi informado de que a Corporação abriu uma investigação interna sobre o caso e deve instaurar um Inquérito Policial Militar para responsabilizar em caso de comprovação do cometimento dos crimes.
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Trauma e medo
Os amigos que sofreram as agressões pediram para que não fossem identificados na reportagem por medo de represálias.
“Eu não posso nem lembrar que já me sinto mal. Foi uma verdadeira barbaridade o que fizeram com a gente. No estado em que eu estou, não consigo nem mesmo ver uma viatura na rua que me sinto muito mal. Eu estou tendo dificuldade de sair na rua”, disse um deles.
Os jovens narram que foram imobilizados pelos PMs em formação e que sofreram todos os tipos de agressão.
“Bateram na gente, deram tapa no rosto, meu amigo chegou a ficar desacordado. Eles fizeram essa roda, colocaram a gente dentro pra ninguém da praia ver o que estava acontecendo. Um deles chegou a dizer que estava armado, que não era pra gente olhar senão eles atiravam”, afirmou um dos amigos.
Além da violência física, as vítimas disseram que os agressores também deixaram um prejuízo financeiro, já que quebraram os celulares de dois deles, e fizeram ataques homofóbicos, racistas e de intolerância religiosa.
Os crimes de racismo e injúria racial são inafiançáveis, com pena de dois a cinco anos de prisão, prevista em lei que também protege a liberdade religiosa. Já a homofobia é equiparada ao crime de injúria racial, seguindo entendimento validado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Por meio de nota ao g1, o Comando Geral da Polícia Militar de Alagoas disse que não compactua com desvios de conduta, excessos ou agressões praticados por policiais. Essa regra vale também para o Curso de Formação de Praças (CFP), onde os futuros soldados são instruídos sobre os princípios da hierarquia e da disciplina – que formam a base do militarismo.
Amigos mostram marcas das agressões sofridas na Praia da Avenida
Arquivo pessoal
Vítimas mostram que tiveram os aparelhos celulares quebrados por alunos do curso de formação da PM-AL em Maceió
Arquivo pessoal
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