Alagoano é tema do samba enredo da escola de samba carioca, que se apresenta na Sapucaí neste domingo, a partir das 23h. Mestres, brincantes e artesãos alagoanos participam do desfile. Rás Gonguila: conheça o alagoano que vai ser homenageado pela Beija-Flor em 2024
A Beija-Flor de Nilópolis desfila na noite deste domingo (11) na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro com o enredo “Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila”. A escola vai contar a história do folião alagoano que se dizia descendente direto do último imperador da Etiópia, país africano.
Benedito dos Santos era engraxate no centro de Maceió, mas logo se tornou Rás Gonguila, o “herdeiro” do trono imperial de um país da África e também o fundador do maior bloco de carnaval de Maceió na época. As façanhas de Rás são contadas pelo amigo e historiador Carlito Lima.
“Quando ele era criança, ele errava o ponto do pião. O pião quando a roda e cai, dizem que ele gongou. Gongou, ficou gonguila e ele passou a vida toda como Gonguila. Ele se dizia que era Rás, que quer dizer príncipe etíope, príncipe na Etiópia, disse Carlito.
Rãs Gonguila
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Era engraxando sapatos em uma cadeira confortável que lembrava o trono de reis e rainhas que o elegante Rás, em seu terno branco, conseguia o dinheiro para organizar o maior bloco de Maceió, o Cavaleiro dos Montes.
“Ele era um negro alto, forte, bonitão. Só andava de paletó branco. Mesmo sendo engraxate, ele tinha uma cadeira confortável ali na Rua do Comércio [no centro de Maceió]. Depois de engraxar, ele pedia sempre o dinheirinho para o livro de ouro. Esse livro de ouro era sagrado para ele. Aquele dinheiro que ele arrecadava com o livro de ouro era para em setembro, outubro, começar a organizar o bloco Cavaleiro dos Montes, que era o maior bloco de frevo que tinha aqui em Maceió”, disse o historiador.
Confira a letra do samba-enredo da Beija-Flor no carnaval 2024
Benedito dos Santos nasceu em Maceió em 1905 em uma rua entre as Igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e de São Benedito, no Centro.
Os pais sofreram os horrores da escrivão. Já libertos e analfabetos, sobreviviam vendendo frutas nas ruas da velha cidade ou limpando os casarões dos barões do açúcar.
A vida terrena do imperador do carnaval de Maceió acabou em 1968 por um ataque cardíaco. Ele deixou cinco filhos e o legado para a cultura popular de Alagoas.
Rãs Gonguila
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Anos depois de sua morte, Rás Gonguila vira tema de enredo do carnaval carioca, o que encheu de orgulho o filho Osvaldo dos Santos.
“Eu já comecei sentir desde o treino técnico. Foi quando eu vi, quando a gente estava no Rio, que já existia uma euforia porque o samba enredo que foi tirado do nome do nosso pai já estava circulando em primeiro lugar”, disse Osvaldo.
Os feitos de Rás são celebrados em toda família. O filho Benedito, que herdou o nome do pai, diz que viu o legado do imperador do carnaval de Maceió se perpetuar no tempo.
“Lembrança muito pouco, porque a pessoa com seis anos não tem como lembrar. Tenho lembranças através de conversas dos meus irmãos mais velhos. Espero que sejamos campões mais uma vez. O meu pai sempre foi um vencedor, campeão, e representar bem a cultura alagoana”, disse.
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