Prefeitura de Maceió decide fechar abrigos, mas vítimas das chuvas dizem que não têm para onde ir


Sete abrigos foram abertos para acolher famílias que tiveram que sair de casa por causa das enchentes. Capital chegou a ter cerca de 1.630 desabrigados e desalojados no período mais crítico. Famílias que tiveram que sair de casa por causa das chuvas cobram assistência em Maceió
A Prefeitura de Maceió decidiu fechar os abrigos que estavam sendo usados para acolher as vítimas das enchentes na capital. No entanto, muitas famílias dizem que não têm para onde ir e reclamam da suspensão da assistência. Sete abrigos foram abertos no período mais crítico das chuvas e agora só dois continuam funcionando, mas devem ser fechados nesta sexta-feira (14).
Compartilhe no WhatsApp
Compartilhe no Telegram
“A gente está aqui nessa situação, sem comer, sem água, todo mundo precisando de ajuda e da caridade dos outros. Tem muita criança, tem idosos nessa situação. Estamos dormindo e não tem lençol para se cobrir. O ginásio que estamos é aberto. Muito triste”, lamentou Natanael, morador do Vergel do Lago e que está no abrigo montado na Escola Rui Palmeira.
A escola, que fica no Vergel, assim como a Antídio Vieira, localizada no bairro do Trapiche, são os dois últimos abrigos que ainda estão com as portas abertas, mas que devem ser desativados ainda nesta sexta, como afirmou em nota o Município.
Sem abrigo, muitas famílias não sabem para onde ir. É o caso de Taioane, que teve a casa destruída com o transbordamento da Lagoa Mundaú. Ela chegou ao abrigo montado na Escola Rui Palmeira no último domingo (9), sem lar para voltar, ela diz que espera ter um tratamento digno.
“Nós somos pobres, mas temos nossos direitos. Não dá para viver assim! Isso não é coisa que se faça com famílias que trabalham e que precisam sobreviver. Quero lutar por mim e por todos que estão aqui, para que tenham um tratamento digno”, afirmou.
Taioane diz que a suspensão dos serviços a pegou de surpresa e que agora ela não sabe o que fazer. Sem comida, água e medicamentos, ela diz que está sobrevivendo com a ajuda de estranhos.
“Não tem médico, não tem remédio, não tem nada aqui. A gente dorme a céu aberto, e se não fosse uma lona aqui até chuva a gente levaria. Ontem comemos somente à noite e graças ao moradores que deixaram comida aqui. Minha filha de 2 anos passou o dia sem comer e teve que ir para UPA”, lamentou.
Transbordamento da lagoa deixou vários bairros inundados
Nick Marone/TV Gazeta
Após as reclamações, representantes do Governo Federal e da Defensoria Pública de Alagoas estiveram no abrigo para ver quais medidas podem ser tomadas para garantir que os direitos desses moradores não sejam violados.
“Em Maceió, encontramos uma situação muito grave da falta de alimentação, principalmente para as crianças e idosos. Estamos aqui para garantir o direito da proteção, principalmente da população mais vulnerável”, disse Malu Moura, diretora de proteção da criança do Ministério dos Direitos Humanos.
Durante a visita, o defensor público Isaac Souto falou sobre a violação dos direitos das famílias que estão abrigadas na Escola Rui Palmeira.
“Constatamos que existem várias violações aqui. O Município decidiu suspender a água, o alimento e os serviços de higiene nos abrigos. Com o desabastecimento, algumas crianças ficaram desidratadas, passaram mal e pelo menos duas foram hospitalizadas”, disse o defensor.
Em nota, a prefeitura informou que já está sendo feito o encaminhamento das pessoas acolhidas nesses abrigos para as suas casas, com ajuda de transporte, e que os espaços começam a receber a limpeza para que as aulas nas escolas possam ser retomadas.
A prefeitura disse ainda que durante o período de chuva, as famílias abrigadas receberam alimentação diária, assistência à saúde, limpeza, colchões, kits de higiene e outros serviços.
Ruas alagadas e muitos desabrigados
Maceió foi uma das cidades afetadas pelas chuvas que caíram em Alagoas desde a última sexta-feira (7). Dezenas de ruas e avenidas ficaram completamente alagadas e em muitos pontos era impossível transitar. Teve deslizamento de barreira e casas destruídas pelas chuvas.
Na Avenida Fernandes Lima, uma das principais vias da cidade, a água se acumulou tanto que encobriu o asfalto. Os bairros da Ponta Verde e Jatiúca também registraram grandes alagamentos. Em Fernão Velho, a água da chuva trasbordou de um bueiro, provocando uma enxurrada no asfalto.
O sufoco também foi grande para quem mora às margens da Lagoa Mundaú. O transbordamento da lagoa causou alagamentos e destruiu casas, deixando muita gente desabrigada.
O Governo do Estado decretou situação de emergência em Maceió. A capital alagoana chegou a ter 1.627 desabrigados (que perderam suas casas) e desalojados (que tiveram que deixar os seus imóveis temporariamente por questão de segurança) no período mais crítico das chuvas.
Segundo o último boletim da Defesa Civil do Estado, publicado nesta sexta-feira, a capital ainda tem 400 desabrigados. A prefeitura, no entanto, diz que esse número diverge do computado pelo Município, mas não informou qual seria a quantidade atual.
VÍDEOS: Maceió tem ruas e avenidas alagadas pela água da chuva
Vários pontos de Maceió ficaram alagados por causa da chuva
Divulgação
Veja os vídeos mais recentes do g1 AL
Confira outras notícias da região no g1 AL

Bookmark the permalink.