Jovens denunciam alunos do curso de formação da PM-AL por injúria racial, homofobia e agressão


Três amigos relatam que estavam na Praia da Avenida, em Maceió, quando cerca de 20 PMs em formação os espancaram e quebraram seus celulares. Caso vai ser investigado pelo 22º DP. Alagoanos mostram agressões que sofreram de alunos do curso de formação da PM
Arquivo pessoal
Três jovens registraram queixa na Polícia Civil contra alunos do curso de formação da Polícia Militar por agressão, injúria racial, homofobia e ameaça. Eles contam que foram agredidos na quarta-feira (23), na Praia da Avenida, em Maceió, sem qualquer motivo. Em entrevista ao g1 nesta sexta (25), os amigos relataram que viveram momentos de terror.
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Os amigos pediram para que não fossem identificados na reportagem por medo de represálias.
“Eu não posso nem lembrar que já me sinto mal. Foi uma verdadeira barbaridade o que fizeram com a gente. No estado em que eu estou, não consigo nem mesmo ver uma viatura na rua que me sinto muito mal. Eu estou tendo dificuldade de sair na rua”, disse um deles.
Eles contam que cerca de 20 alunos do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) da Polícia Militar fazia um treinamento na praia quando passaram por um grupo que estava fumando nas pedras do calçadão da praia. Houve troca de xingamentos, o grupo fugiu, mas os três amigos que estavam próximo permaneceram sentados, observando tudo.
“A gente estava na praia conversando após uma sessão de fotos. Perto da gente tinha um pessoal que estava fumando, eles [alunos] passaram e ficaram xingando. Esse grupo ficou zombando, rindo, eles ouviram e partiram para cima da gente. E, mesmo a gente dizendo que não tinha nada a ver com aquilo, apanhamos”, contou outra vítima.
O caso foi denunciado na Delegacia de Proteção ao Turista e vai ser ser investigado pelo 22º Distrito. O g1 entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar, mas não obteve resposta até a última atualização dessa reportagem.
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Amigos mostram marcas das agressões sofridas na Praia da Avenida
Arquivo pessoal
Os jovens narram que foram imobilizados pelos PMs em formação e que sofreram todos os tipos de agressão.
“Bateram na gente, deram tapa no rosto, meu amigo chegou a ficar desacordado. Eles fizeram essa roda, colocaram a gente dentro pra ninguém da praia ver o que estava acontecendo. Um deles chegou a dizer que estava armado, que não era pra gente olhar senão eles atiravam”, afirmou um dos amigos.
Além das agressões físicas, eles dizem que sofreram ataques homofóbicos, racistas e de intolerância religiosa.
“Eu tenho uma tatuagem do meu orixá no peito, eles viram e disseram que eu cultuava o satanás. Não respeitaram a minha religião, chamaram de preto, viadinho. Puxaram o meu cabelo, falaram do dreadlock do meu amigo”, relatou.
Os crimes de racismo e injúria racial são inafiançáveis, com pena de dois a cinco anos de prisão, prevista em lei que também protege a liberdade religiosa. Já a homofobia é equiparada ao crime de injúria racial, seguindo entendimento validado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Além da violência física, as vítimas disseram que os agressores também deixaram um prejuízo financeiro, já que quebraram os celulares de dois deles.
Vítimas mostram que tiveram os aparelhos celulares quebrados por alunos do curso de formação da PM-AL em Maceió
Arquivo pessoal
“Quebraram sem pena. Quebraram o meu celular, quebraram o de outro amigo e ele acabou de comprar um iPhone 13, ainda está com a nota fiscal. Eles roubaram nossa caixinha de música, falaram que no batalhão estava precisando de uma e levaram. Rasgaram a minha sandália também”, lamentou.
Dois dias após as agressões, os amigos ainda tentam superar todo o trauma vivido na quarta-feira. Eles dizem que vão ingressar com um processo e esperam que os agressores não sejam integrados à corporação.
“Eles jogaram uma cadela no cio em cima de mim. Perguntaram se eu estava tomando anticoncepcional e deixaram a cadela em cima de mim, fiquei todo arranhado. Foi muito humilhante. A gente só espera que eles não possam estar nas ruas, pois já mostraram que não têm a menor capacidade emocional e psicológica para lidar com a sociedade”, disse uma das vítimas.
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