Esporotricose: Maceió registra em 9 meses 227 casos da doença que afeta gatos, cães e humanos


De janeiro a setembro de 2023 foram 206 casos em animais e 21 em humanos. No ano passado, foram 123 casos em animais e 2 em humanos. Notificação da doença não é obrigatória. Gatos com esporotricose apresentam lesões que não cicatrizam e que costumam piorar rapidamente
Valdo Leão/Divulgação Semcom
De janeiro a setembro deste ano, a Secretaria de Saúde de Maceió registrou 227 casos de esporotricose, doença contagiosa que pode afetar gatos, cães e humanos (veja sintomas mais abaixo). Embora a notificação da doença ao poder público não seja obrigatória, esse número já é maior que o registrado em todo o ano de 2022, quando foram confirmados 125 casos.
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A esporotricose é causada pelo fungo do gênero Sporothrix, presente na natureza (no solo, nos espinhos de arbustos, em árvores e vegetação em decomposição) e também pode parasitar os humanos e os animais.
De janeiro a dezembro de 2022:
123 casos em animais
2 casos em humanos
De janeiro a setembro de 2023:
206 casos em animais
21 casos em humanos
A Secretaria Municipal de Saúde esclarece que não é possível afirmar que houve aumento de um ano para outro porque os casos são subnotificados, já que, como não é obrigatória a notificação, o ano anterior pode ter uma quantidade maior de casos que não foram relatados ao poder público.
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Ainda assim, os dados servem de alerta porque a doença é mais grave do que uma micose simples. “De uma forma mais grave, ela pode levar a uma forma até sistêmica, afetando outros órgãos como pulmão, osso”, explica o veterinário Paulo Peixoto.
Lesões na pele do veterinário Paulo Peixoto que pegou esporotricose após ser arranhado por gato infectado em Maceió
Arquivo pessoal
Sintomas
Em cães e gatos
Animais podem ser infectados através do ambiente contaminado. A contaminação também pode acontecer através de brigas e traumas com outros animais contaminados.
Os sintomas mais comuns são feridas profundas na pele, geralmente com pus, que não cicatrizam e que costumam piorar rapidamente, além de espirros frequentes. As principais formas clínicas da doença são:
Cutânea: é caracterizada por um nódulo avermelhado. Também podem ser observadas secreções que lembram abcessos e feridas causadas por brigas
Linfocutânea: ocorre quando os nódulos cutâneos progridem para úlceras com secreção na pele, com comprometimento do sistema linfático
Disseminada: neste estágio, há lesões ulceradas generalizadas, além de apatia, febre, anorexia e alteração no trato respiratório
Em humanos
Em humanos, o fungo entra no organismo por meio de uma ferida na pele – o que pode acontecer quando há arranhadura ou mordedura de animais doentes. Atualmente, o gato é o principal transmissor da doença, segundo o Ministério da Saúde. Não ocorre transmissão entre humanos.
A lesão inicial parece com uma picada de inseto, podendo evoluir para cura espontânea. Quando o fungo afeta os pulmões, podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. O fungo também pode afetar os ossos e articulações, causando inchaço e dor aos movimentos.
As formas clínicas da doença vão depender de fatores como o estado imunológico do indivíduo e a profundidade da lesão. As principais são:
Cutânea: caracteriza-se por uma ou múltiplas lesões, localizadas principalmente nas mãos e braços
Linfocutânea: é a forma clínica mais frequente; são formados pequenos nódulos, localizados na camada da pele mais profunda, seguindo o trajeto do sistema linfático da região corporal afetada. A localização preferencial é nos membros
Extracutânea: quando a doença se espalha para outros locais do corpo, como ossos, mucosas, entre outros, sem comprometimento da pele
Disseminada: acontece quando a doença se dissemina para outros locais do organismo, com comprometimento de vários órgãos e/ou sistemas (pulmão, ossos, fígado)
Tratamento
Em cães e gatos
São feitos exames físico e dermatológico e podem ser solicitados exames laboratoriais, como de cultura de fungos, citológico e histopatológico. Para que o veterinário chegue mais rápido ao diagnóstico correto, é importante que o tutor relate o histórico do animal, revelando, por exemplo, se ele se envolveu em alguma briga ou se entrou em contato com terra.
O tratamento para esporotricose em animais é feito com um medicamento antifúngico.
Em humanos
A esporotricose em humanos pode ser diagnosticada a partir de dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Pode ser feita uma biópsia ou aspiração de lesões. Nos casos mais graves, outras amostras, podem ser analisadas amostras de secreções, de acordo com os órgãos afetados.
O tratamento é feito com antifúngicos oferecidos gratuitamente pelo SUS. A duração do tratamento pode variar de três meses a um ano.
Prevenção
Usar luvas e roupas de mangas longas em atividades que envolvam o manuseio de material proveniente do solo e plantas, bem como o uso de calçados em trabalhos rurais
Toda manipulação de animais doentes deve ser feita com o uso de equipamentos de proteção individual (EPI)
Animais suspeitos ou doentes deverão ser isolados em local seguro, realizando-se a limpeza e desinfecção do ambiente, de utensílios, brinquedos e outros objetos de contato com o animal
Animais com suspeita da doença não devem ser abandonados e animais mortos não devem ser jogados no lixo ou enterrados em terrenos baldios, pois isso manterá a contaminação do solo. Recomenda-se a incineração do corpo do animal
Nos casos de arranhadura ou mordida por animal suspeito ou doente, lavar o local do ferimento com água e sabão – se for em mucosas, água ou solução fisiológica -, e procurar atendimento médico
Indivíduos com lesões suspeitas de esporotricose devem procurar atendimento médico e levar seus animais domésticos ao médico veterinário
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*Sob supervisão de Cau Rodrigues
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